As mãos, imóveis sobre o teclado. Os ombros, caídos na inércia, sob o peso das perguntas sem resposta. Os olhos, sem fixar, fixos na tela do computador. A mente, estagnada pela perplexibilidade. O coração, em busca de um atalho. Não vi o tempo passar. Nem sei se ele passou...
De corrosiva passara a amável, afável, adorável... E agora ali estava ela, fiel ao adjetivo que a identificara, mais como ironia de uma característica, do que alusão a um defeito. Corrosiva na ausência, com uma magnitude que chega a corroer a própria dor, transformá-la em nada, deixando apenas o vazio em seu lugar.
Liguei. Não atendeu. Liguei de novo. Alguém atendeu, mas... não estava. Voltei a ligar. Alguém atendeu. Estava, mas... dormindo. Celular? Só dava caixa postal. E-mail? Mandei vários. Sei que os leu, mas só pude ler como resposta, alguns sarcásticos pontos de interrogação. Pior do que deparar com duras verdades, é a cruel incerteza da própria verdade. Restava-me esperar que o conciliador tempo me trouxesse respostas, ou me fizesse esquecer de esperar por elas.
Acalmei o coração, na confortante convicção de que aquilo que não pode ser pior, só tende a melhorar, e devolvi à mente o andamento que traz clareza aos fatos, mesmo que para descobrir o quão obscuros são. Recuperei a mobilidade das mãos, a percepção no olhar, e ergui os ombros. Achara o atalho.
Dirigi-me à cozinha, enquanto a alma sorria para a vida, de certa forma por ser assim, oscilante entre altos e baixos, nos quais encontramos nosso próprio equilíbrio. Levei ao fogo brando, duas xícaras de leite, ¾ de xícara de chocolate em pó, (amargo), uma colher (de café) de canela em pó e a casca de meia laranja, (tirada sem ferir a laranja, para que o leite não coalhe). Mexi pacientemente, até que engrossasse. Coloquei em uma caneca de porcelana branca, contemplei a névoa de calor que dela emergia, e inspirei o aroma que inspira o paladar.
Faço desta bebida um brinde a você minha amada amiga. Um brinde, onde a sombra do desconhecido perdeu seu tom ameaçador, e se veste com as cores da experiência, quando aprendemos que a decepção só floresce onde plantamos expectativas. Um brinde ao inabalável direito que te concedo, de permanecer aconchegada neste terno sentimento que me une a você. Um brinde à total ausência de qualquer obrigação de reciprocidade.Um brinde à arte de saber dar sem esperar receber, ou de saber receber, mesmo que não se possa dar. Manifeste-se quando souber, quando puder ou quando quiser.Você será sempre bem vinda!
De corrosiva passara a amável, afável, adorável... E agora ali estava ela, fiel ao adjetivo que a identificara, mais como ironia de uma característica, do que alusão a um defeito. Corrosiva na ausência, com uma magnitude que chega a corroer a própria dor, transformá-la em nada, deixando apenas o vazio em seu lugar.
Liguei. Não atendeu. Liguei de novo. Alguém atendeu, mas... não estava. Voltei a ligar. Alguém atendeu. Estava, mas... dormindo. Celular? Só dava caixa postal. E-mail? Mandei vários. Sei que os leu, mas só pude ler como resposta, alguns sarcásticos pontos de interrogação. Pior do que deparar com duras verdades, é a cruel incerteza da própria verdade. Restava-me esperar que o conciliador tempo me trouxesse respostas, ou me fizesse esquecer de esperar por elas.
Acalmei o coração, na confortante convicção de que aquilo que não pode ser pior, só tende a melhorar, e devolvi à mente o andamento que traz clareza aos fatos, mesmo que para descobrir o quão obscuros são. Recuperei a mobilidade das mãos, a percepção no olhar, e ergui os ombros. Achara o atalho.
Dirigi-me à cozinha, enquanto a alma sorria para a vida, de certa forma por ser assim, oscilante entre altos e baixos, nos quais encontramos nosso próprio equilíbrio. Levei ao fogo brando, duas xícaras de leite, ¾ de xícara de chocolate em pó, (amargo), uma colher (de café) de canela em pó e a casca de meia laranja, (tirada sem ferir a laranja, para que o leite não coalhe). Mexi pacientemente, até que engrossasse. Coloquei em uma caneca de porcelana branca, contemplei a névoa de calor que dela emergia, e inspirei o aroma que inspira o paladar.
Faço desta bebida um brinde a você minha amada amiga. Um brinde, onde a sombra do desconhecido perdeu seu tom ameaçador, e se veste com as cores da experiência, quando aprendemos que a decepção só floresce onde plantamos expectativas. Um brinde ao inabalável direito que te concedo, de permanecer aconchegada neste terno sentimento que me une a você. Um brinde à total ausência de qualquer obrigação de reciprocidade.Um brinde à arte de saber dar sem esperar receber, ou de saber receber, mesmo que não se possa dar. Manifeste-se quando souber, quando puder ou quando quiser.Você será sempre bem vinda!
(É permitida a reprodução deste texto, desde que seja citada sua origem e autoria: www.sensibilidadeesabor.blgspot.com; Cris Palavras)